Conheça o meu principal segredo para continuar ao lado de uma pessoa com Trantorno Obsessivo Compulsivo (TOC)

O principal segredo para se viver ao lado de uma pessoa com TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC) é confiança e fé em dias melhores, dar tempo ao tempo, ter paciência, muito esforço e ajuda profissional especializada. Continue a ler e saiba como venci esse enorme desafio.

Foi difícil entender o que estava realmente acontecendo. E somente depois desse diagnóstico, muito esperado, conseguimos dar os primeiros passos em direção a um relacionamento mais compreensivo e acolhedor.

No começo, eu notava que havia algo diferente em alguns comportamentos dele, mas a gente achava que se tratava apenas de pequenas “manias” que ele logo superaria. Com o tempo, percebi que essas características se intensificaram e começaram a afetar nossa convivência e a própria dinâmica do nosso relacionamento. A situação se tornava ainda mais complexa devido à resistência dele em aceitar que algo estava errado. 

E, infelizmente, esse é um comportamento comum entre muitos homens, que hesitam em admitir a existência de um problema mental, seja por orgulho, seja por medo do julgamento. Esse processo inicial, sem diagnóstico e com uma recusa em aceitar a possibilidade de TOC, foi marcado por uma série de dificuldades e muitos conflitos. Conheça um pouco mais da minha história a seguir.

Entendendo o Transtorno Obsessivo-Compulsivo no Dia a Dia do Relacionamento

Desde o início, percebi que a convivência trazia desafios muito específicos devido ao comportamento obsessivo-compulsivo do meu marido. Ele mantinha um controle absoluto sobre tudo o que considerava “seu espaço” e “suas coisas”. Eu não podia sequer tocar em seus pertences pessoais, pois ele reagia de maneira intensa, muitas vezes com mudanças bruscas de humor e irritação. Essa necessidade de controle ia além dos objetos e se estendia às nossas rotinas e interações com o mundo externo.

Além das dificuldades dentro de casa, sair sozinha também se tornava um problema. Ele tinha um receio constante de que algo ruim pudesse acontecer se eu estivesse fora do alcance dele, o que significava que eu raramente conseguia sair sem a sua companhia. A mesma preocupação se estendia à nossa filha, que, desde cedo, passou a ter sua liberdade limitada, amizades e atividades sociais comuns para uma criança de 9 anos se tornaram praticamente proibidas.

Essas situações eram difíceis de entender, especialmente sem um diagnóstico claro do TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC). Não éramos capazes de compreender que esses comportamentos obsessivos eram parte de um transtorno, o que tornava a convivência complicada e emocionalmente desgastante. No entanto, esse foi o primeiro passo para que eu começasse a perceber que precisávamos de ajuda para entender melhor o que realmente estava acontecendo.

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Controlar o Incontrolável: Como o TOC Afeta a Mente e o Comportamento

Mesmo sabendo, em alguma medida, que suas ações podem ser irracionais, a pessoa com TOC sente uma pressão interna intensa para agir, buscando uma segurança que nunca parece suficiente. Ela sente uma necessidade desesperada de controlar o que parece estar fora do seu alcance, podemos definir como um pensamento odsessivo incontrolável.

Isso ocorre porque pensamentos obsessivos e intrusivos, muitas vezes envolvendo medo ou ansiedade de que algo ruim possa acontecer, acabam dominando sua mente. Para aliviar essa angústia, elas recorrem a comportamentos compulsivos, acreditando que, ao repetir determinadas ações, estarão protegendo a si mesmas ou aqueles que amam de possíveis ameaças. 

Cientificamente, essa luta para “controlar o incontrolável” ocorre porque o cérebro de quem tem TOC processa as ameaças e as respostas de forma amplificada. Circuitos cerebrais relacionados ao medo e ao comportamento repetitivo, ficam hiperativos, tornando difícil para a pessoa ignorar ou relativizar esses pensamentos.

Esse ciclo gera uma constante busca por alívio temporário por meio das compulsões, o que, em vez de resolver o problema, reforça ainda mais a sensação de que precisa manter esses rituais. Essa dinâmica explica por que o TOC é tão exaustivo e angustiante para quem sofre do transtorno e para aqueles ao seu redor.

Uma entrevista feita com o Dr.Fernando Ramos Asbahr sobre o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, descreve as principais características do TOC, um distúrbio que afeta o modo de pensar, o comportamento e as emoções. Vale a pena conferir.

Autocuidado Para Ajudar: Estratégias de Enfrentamento para o TOC

Assim que percebi que os comportamentos do meu marido não eram apenas “manias” passageiras, mas algo que impactava nosso dia a dia de maneira significativa, busquei ajuda de psicólogos para entender melhor como lidar com a situação. Sabendo que ele relutava em aceitar o problema, minha prioridade foi aprender como agir e reagir de forma saudável diante das compulsões e obsessões que tanto nos afetavam.  

Com paciência e cuidado, fui compartilhando aos poucos o que eu aprendia na terapia, sempre respeitando seu tempo. Com o passar do tempo, meu marido começou a considerar a ideia de buscar ajuda por conta própria. Depois de muita dedicação e encorajamento, ele aceitou meu incentivo e buscou  o suporte de profissionais especializados. Esse foi um passo essencial para que, juntos, começássemos a sair daquele ciclo crítico e a construir uma convivência mais equilibrada.

Comunicação: A Chave para Alinhar Expectativas e Evitar Conflitos

Depois de longos oito anos de muita paciência e persistência, meu marido finalmente buscou ajuda especializada. O diagnóstico de TOC trouxe alívio e compreensão, pois, a partir desse ponto, ele pôde ser orientado por profissionais e começou a seguir o tratamento medicamentoso adequado. Com o suporte certo, passamos a nos comunicar melhor, algo essencial para enfrentarmos os desafios diários que o transtorno impunha.

Com o tempo, ele começou a aceitar minhas sugestões, especialmente nos momentos em que percebia que certos rituais se repetiam ou quando reagia de forma desproporcional a pequenas situações. Essa abertura não apenas facilitou a convivência, mas também nos uniu ainda mais como família, criando uma parceria baseada em compreensão e respeito mútuo. 

Esse desenvolvimento mostra que é possível causar a transformação e o fortalecimento familiar proporcionados pelo diagnóstico e tratamento, e enfatiza a importância da comunicação e da aceitação para criar uma dinâmica mais harmoniosa entre o casal e toda a família.

Confiança e Fé: A Base para Persistir e Superar Desafios Juntos

O segredo que me sustentou durante esses anos foi a confiança de que as coisas iriam melhorar, acompanhada pela fé de que, com o tempo, conseguiríamos lidar com o TOC de maneira mais orgânica. Essa perspectiva me deu a paciência e a persistência necessárias para continuar oferecendo ajuda, mesmo quando ele resistia a aceitá-la.

Hoje, ainda temos momentos em que precisamos ajustar os ponteiros, alinhando nossas expectativas e reforçando nossa comunicação. Mas posso dizer que, com o diagnóstico, o tratamento contínuo e a experiência adquirida, tornou-se muito mais fácil enfrentar esses desafios.

O que restou do transtorno não afeta mais a nossa paz familiar de forma significativa, permitindo que vivamos com mais harmonia e compreensão mútua.

Vamos completar 22 anos de casados, criamos 3 filhas e nos consideramos felizes por vencer esse inimigo cruel que é o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) dia após dia. Se nós conseguimos, você, que está lendo este artigo, também vai conseguir!

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